A poluição das praias brasileiras é, sem dúvida, um problema persistente que afeta tanto o meio ambiente quanto a saúde pública. Primeiramente, a falta de saneamento básico adequado é um dos principais fatores que contribuem para essa situação alarmante. Ademais, vamos explorar como a expansão do turismo, sem investimentos em infraestrutura, e a migração para cidades menores após a pandemia agravam ainda mais essa questão.
Expansão do Turismo e Falta de Infraestrutura
A expansão do turismo nas regiões litorâneas do Brasil, sem o devido investimento em infraestrutura de saneamento básico, tem levado, consequentemente, à degradação das praias. De acordo com estudos, 36% das praias em 10 estados brasileiros estão em condições impróprias para banho. Além disso, esse cenário é particularmente grave em estados como Pernambuco, onde 63% dos trechos analisados apresentam altos níveis de poluição.
Pernambuco: Um Caso Crítico
Pernambuco é um exemplo claro de como a falta de planejamento urbano e saneamento básico pode comprometer a qualidade das praias. A ocupação descontrolada e a verticalização rápida em áreas como Jaboatão dos Guararapes têm contribuído para a poluição das águas. A falta de estações de tratamento de esgoto agrava ainda mais a situação, colocando em risco a saúde dos banhistas e a sustentabilidade ambiental.
Migração Pós-Pandemia e Saneamento
A pandemia de COVID-19 trouxe uma mudança significativa no padrão de ocupação das cidades. Muitas pessoas migraram dos grandes centros urbanos para cidades menores, buscando uma melhor qualidade de vida. No entanto, essa migração não foi acompanhada por investimentos em infraestrutura de saneamento básico, resultando em um aumento da poluição das praias.
Ceará: Impacto da Migração
No Ceará, um quarto dos pontos de coleta em praias apresentou resultados negativos. A migração para cidades menores, sem a infraestrutura necessária, levou ao crescimento desordenado de hotéis e residências, exacerbando os problemas de saneamento. O oceanógrafo Marcelo Soares destaca que esses municípios não estavam preparados para a ocupação permanente, o que resultou em um aumento significativo da poluição.
Desafios em Santa Catarina
O problema da poluição das praias não se restringe ao Nordeste. Em Santa Catarina, a rápida urbanização sem a devida infraestrutura de saneamento tem levado a um colapso em algumas regiões. Cidades turísticas como Balneário Camboriú e Itapema enfrentam sérios desafios devido à falta de estações de tratamento de esgoto, comprometendo a qualidade ambiental das praias.
A Importância do Investimento em Saneamento
A universalização do saneamento básico no Brasil é um objetivo crucial para garantir a saúde pública e a preservação ambiental. Segundo o Instituto Trata Brasil, universalizar o esgoto até 2040 poderia gerar um ganho de R$ 80 bilhões com o turismo. No entanto, o país ainda está longe de alcançar essa meta. Atualmente, cerca de 32 milhões de brasileiros vivem sem acesso à água potável, e mais de 90 milhões não têm coleta de esgoto.
Necessidade de Investimentos
Para atingir a meta de 90% de esgoto tratado até 2033, o Brasil precisa evoluir significativamente. A presidente executiva do Trata Brasil, Luana Pretto, ressalta que é necessário um investimento de R$ 231 anuais por habitante para universalizar o esgoto, mas a média atual é de apenas R$ 111. Estados como o Acre, onde o investimento foi de apenas R$ 3 por habitante, ilustram a disparidade regional e a urgência de ações coordenadas.
Conclusão
A poluição das praias brasileiras é um problema complexo que exige soluções integradas e investimentos robustos em saneamento básico. A expansão do turismo e a migração para cidades menores após a pandemia destacam a necessidade urgente de infraestrutura adequada. Para garantir um futuro sustentável e saudável, é essencial que governos, empresas e a sociedade civil trabalhem juntos para priorizar o saneamento básico e proteger nossas praias.
